segunda-feira, 11 de junho de 2007

Enquanto isso Janes quebra a amuleta na cabeça de Sergay.

"Você está pensando em algo meu querido.
e isso faz você esquecer de falar.
Não posso lhe dizer agora qual a moral disso.
mas daqui a pouco lembrarei."

Dedico este blogue a Lewis Carroll, que me falou sábias palavras, quando me deu um caderno em branco virgem. virgem como a Alice.


Gabo Gaba Hey!

O anjo chamado Gabriel
tem asas no peito.

Joaquina não Amadeus.

Ela se chamava Joaquina.
E dizia que não tinha nada a perder.
Num belo dia de chuva
Joaquina atravessou a rua com discuido
foi atropelada
e perdeu a vida.

O Parto.

Ela era como um poema esquecido.
Ele era como um livro inacabado.
Ela tinha formas itálicas.
Ele era todo garrancho.
Uma mão feminina a guiava com um leve toque de humor.
Uma mão masculina o detetonava.
Ele não tinha modos.
Ela não tinha pose.
Ele não tinha muita idade, era frio e cauculista.
ordem do autor...
Ela não tinha rosto, nem expressões.
lapsos da poeta...
Ela era bonita em seu vestido branco.
Ele também era bonito, com sua pele cheia de morenegrice e seus olhos aveludados.
Ela vestia cetim.
Ele vestia trapo.
Os dois eram sinceros?
Sim. eram.
Ela era uma pobre desilusão. um amor na chuva.
Ele era uma ficsão fracassada.
Ele iria morrer no próximo capítulo, pois não havia mais vontade do autor.
Ela nunca seria dada para alguem, estava esquecida por aí...
E se bem querem saber o nome desse poema
eu vos digo:
A poesia encontra o poeta como o rio corre para o mar.

Eu não tenho coração.



Um homem chamado Jesus abria seu manto azul-lamentado e mostrava o seu grande coração para os cicerones na Central do Brasil.


Mas ninguem reparava nos seus espinhos.


Uma mulher chamada Maria fazia o mesmo. Abria o seu manto blue sem blues, e exibia o seu imaculado coração para os transeuntes que passavam apressados.

Mas ninguem reparava nas suas flores.

Eu não exibia meu coração,

porque eu havia trocado por um fígado.

Quadros sem moldura.

O menino quer ser artista.
Porque de uma certa forma, ou de outra, quer vingar-se.
Da mesma forma que vingou ao nascer, quebrando a promessa feita para Tom Jobim, por sua mãe.
Os santos são chatos, digo isso com pura inveja ainda viva na boca, como o absinto tomado na rua, onde passa vento e solidão.
A boca fria e calada da noite.
Era apenas o limiar de uma vida, não havia portas abertas, nem estrelas no céu.
O menino quer ser artista.
Deixe-o ser.
Ele quer vingar a falta de amor que sempre o acompanhou, porque arte é amor, e fazendo arte ele estará amando e sendo amado.
Não pelo jogo da crítica, que os mais espertos gostam de brincar.
Mas pelas pinceladas, pelas sonatas e sinfonias.
pelas palavras e sentimentos.
pelo batuque do atabaque.
pelo simples respirar.
O menino quer beber cerveja.
Deixe-o beber.
Assim ficará atento que há pessoas que se locupletam com o amor que está em falta no mercado da alma.
O menino tentou Belas Artes
mas perdeu no teste de aptidão.
O sol foi embora, mas no seu quarto escuro há luz elétrica
onde ele pincela
quadros sem molduras.

As cousas.

Um corpo parado, deitado no sofá cor-de-mijo
ouvindo o barulho incessante do relógio que também conta os minutos que a vida guarda.
Olhando pra cima, sem se aproximar
vendo a lâmpada que gira em volta dos insetos.
A visão ficou cinza como as nuvens carregadas de tédio.
a lágrima caiu ao mesmo tempo da chuva.
os meus olhos ficaram embaçados como a vidraça lá fora.
quente como o fogão quente.
triste como minha cama desforrada.
e turvo como a imagem no espelho do banheiro.
De quem é?

Homens de plástico não morrem

Um coração vazio
Uma boca fechada
Uma caixa escura
penumbra sussurrante
Um cara medíocre.
Um cara sem cara.
Uma cara sem caratér
O estupor habitual
Uma pizza.
Vozes surradas.
Amores apagados
Livros trancafiados.
Morfo.
Pó e porão.
*Um corpo, uma carne.
Toucinho meu bem
Nua.
Toda minha.
Só nua.
E de mais ninguem.

Quem quer ser Guy Fawkes?

-XXXXXXXXXXXXX?
-zzzzzzzzzzzzzzzzzzz
-xxxxxxxxx?
-ZZZZZZ...
-xxxxxxx, XXX?
-zzzz...
-X!
-Z.


-O senhor me vê uma dose de tristeza?

-Pura, ou com cocaína?

Um breve diálogo entre o velho e o moço:

"Não gosto de cheirar pó, me dá depressão."

"Mas depressão pós pó é normal, todo mundo sente."

"Eu sei que é. Mas não acho nem um pouco normal querer sentir isso sempre."

Um lugar do caralho.

A madrugada seria pintada por Van Gogh
A manhã recém-nascida é mão de obra de Segall
As pessoas ficariam por conta de Dalí.
E a poesia...
Ah!
Essa de quem cria!

Um poema guache para alguém gauche.

Só para você saber
não tenho nada haver
com o que te leva a crêr
que eu gosto do oposto.
Por isso pinto o teu rosto
no papel com tinta guache.

Sou usado como uma fala.


Por ser semântico em demasia,
a aflição me corrói os ossos.
Por isso desfaço o voodoo que fiz de você.
Eu que sou aparentemente escroque
lanço minha palavra em riste
no peito da tua tristeza.
ou seria preguiça?

Uma dedicatória.

Aos retirantes do lugar onde ninguem pisa.
Aos dançarinos do Ibiza
Aos gargarejos da água viva em bocas mortas e fétidas
Aos observadores da noite salutante
Aos gafanhotos fecundos que trepam sem fazer barulho
Ao ranger da porta com os seus dentes caídos
Aos choppinhos no domingo frio, ouvindo Chopin e assistindo Chaplin vestido de pretoebranco.
Ao silêncio.
As frases que saem da minha boca, como a primavera.
Aos modos.
Aos trejeitos.
Aos bijeitos.
Aos rejeitados.
As cousas.
As cores.
E a tudo que comece com aos e as, eu dedico o que eu não quero que saibam.
Palavra do Senhor.
Graças a Deus.
Porque a vanguarda não guarda nada, apenas começa e acaba.