segunda-feira, 19 de maio de 2008

Cícero.


No passo nº7 lembrou das chaves no portão. Na esquina nº2 lembrou do dinheiro... e na porta da minha casa lembrou as horas. Cícero vai, e vem. Se talvez fosse uma pessoa um pouco mais metódica, conseguiria fazer aquela visita que me promete há 5 semanas. Graças a Deus.
Em sua última visita, me lembro bem, ele parecia não conseguir parar de agitar as sandálias com aqueles pés sujos enquanto tentava me explicar sua última transa entre palavrões que ele lançava freneticamente. Nossa. Procurei contar pincelada por pincelada no falso Van Gogh atrás dele, de modo que seu rosto ficasse fora de foco e minha mente se distraísse com o “um, dois, três”...
-Quatro.
-Hum?
-Foi de quatro que ela ficou quando eu a estava enrrabando. A vaca gritava como uma cadela no cio...
Esvazia o copo de cerveja num só gole, depois de um arrotinho discreto.
-... Odeio foder com gatos!
-Não seriam vacas?
-O seu cachorro me detesta.
-Não seriam vacas?
-Também uê, também...
Texto de Rique Van Pelt e meu; para avacalhar tudo.