segunda-feira, 19 de maio de 2008

Cícero.


No passo nº7 lembrou das chaves no portão. Na esquina nº2 lembrou do dinheiro... e na porta da minha casa lembrou as horas. Cícero vai, e vem. Se talvez fosse uma pessoa um pouco mais metódica, conseguiria fazer aquela visita que me promete há 5 semanas. Graças a Deus.
Em sua última visita, me lembro bem, ele parecia não conseguir parar de agitar as sandálias com aqueles pés sujos enquanto tentava me explicar sua última transa entre palavrões que ele lançava freneticamente. Nossa. Procurei contar pincelada por pincelada no falso Van Gogh atrás dele, de modo que seu rosto ficasse fora de foco e minha mente se distraísse com o “um, dois, três”...
-Quatro.
-Hum?
-Foi de quatro que ela ficou quando eu a estava enrrabando. A vaca gritava como uma cadela no cio...
Esvazia o copo de cerveja num só gole, depois de um arrotinho discreto.
-... Odeio foder com gatos!
-Não seriam vacas?
-O seu cachorro me detesta.
-Não seriam vacas?
-Também uê, também...
Texto de Rique Van Pelt e meu; para avacalhar tudo.

domingo, 8 de julho de 2007

JESUS NÃO TEM DROGAS NO PAÍS DOS CARETAS.
"Passe adiante"
(Clique na imagem. Se quiser.)

Desconstruindo Leminski


Valium
Validois
Valitrês
Até esse pesadelo
aprender
que só o sonho
tem vez.

Uma vez, num certo dia...

Um menino de rua passou pela porta de uma escola, e ouviu a professora ensinar para as crianças que para cativar as pessoas,
tem que ser interessante e alegre.
Apartir desse dia, o menino virou plástico.

Insônia.


No dia
que
eu
consegui
dormir.
Os meus amores
não
consiguirão
acordar.

Dora

Dora entrou no supermercado, fora comprar bombril para sua tia.
Estava perdida.
Dora sempre se sente perdida em supermercados e mercadinhos.
Perdida entre os produtos.
Procurou o pacote de bombril.
Estava com dois reais. Sua tia mandou pegar com o troco, 1 kg de sal e o resto de cebolas branquinhas.
Perdida, porém com o auxilio do atendente, conseguiu achar o tal bombril.
Com as contas pagas, sempre com um ar blasé.
Não era somente porque estava com uma dor de cabeça imbecil e lancinante, que fazia ela fechar os olhos, como que se estivesse morta.
Uma morta em pé.
"Senhora. Seu troco."
Nada de cebolas branquinhas, pó de mico e sal.
O troco só deu para um cigarro vagabundo, companheiro das pessoas tristes.
Porque fumar é um ato solitário.
Chorar em casa e enxugar as lagrimas com bombril.

Valter do humor negro.


Um dia, quando tudo estiver esparso.
quando o dia, que já fora quente e abatido
e a noite, fria e cauculista.
Eu vou estar em frente ao meu computador.
World em branco.
Quem sabe.
Talvez apenas, em um singelo papel.
Um outro.
Não na minha puta.
Essa já estará detonada de palavras.
Uma coisa qualquer, sem espaço pra mim.
Estaria numa rede, talvez. Fumando um cigarrinho proibido.
O peso...
O pé, com o auxilio do chão, balaçando o corpo para lá e para cá...
Ou, num quarto cheio de artes.
Escreverei.
Escreverei a saudade que sentirei mais tarde.
do homem que me disse bêbado.
"A minha vontade é de tomar tudo e esperar o corpo explodir."
Ele que me falou sem nenhuma pretenção de poesia.

O Sonho



Ele sonhou que tinha me falado assim:

"Ele não vai esperar por você."

Na verdade a frase inteira era:

"Você não espera ninguem, e sabe que ele não vai esperar por você."

(Desenho e sonho de Rick Van Pelt.)

Is sex work real work?



Uma puta. Um puteiro. Inferninho.

Um rapaz miseravel, imerso em pingas baratas e drogas sorroteiras. remedinhos da felicidade.

Indagava, segurando o pau, no ato de mijo.

-Quanto é que você cobra?

-20 reais.

-Ta caro porra!

-Ei! Isso aqui é um corpo!

(Nem ela tem certeza disso.)

Domingueiro.



Eu traio poema com poesia.

E gosto das prosas que tenho com os versos em dias de domingo.

Sugar açucar

Enquanto a traidora faz um omelete, eu vou pensando que tudo de ruim aconteceu nessa noite.
Enquanto eu fumo um cigarro alheio, e tomo café, eu leio:
Sugar açucar Sugar açucar Sugar açucar...
Só agora eu sei porque a flauta desafinou e o refrigerante tinha gosto de açucar torrado.

sábado, 7 de julho de 2007

Message to love


A mulher de preto e olhar enegrecido, ruiva até a ponta, fala inglês o tempo inteiro e tem um pircing na xana.
Caminha por caminhos traçados por um all star com um longo cano negro, com tachinhas taxativas de metal.
Tirou a blusa preta mal acabada, e ficou nua, no meio da rua, e pior, no meio dos homens com galas acumuladas. Enxugou o suor do rosto com a camiseta.

"Cachaça da desgraça! calor dos infernos!"

Me lembrou tanto a menina do Message to love, e eu só quero a rebarba dela, que me trouxe a lembrança que estava parada na mente de Gabo, que riu, que riu debochadamente quando seus amigos morcegonhos anarcos-alguma-desgraça-lá_envergonhados por ela_ esconderam o seu busto bom, e a sua cintura com pêlos aloirados.
Eu, com a minha face oleosa, duvidava.
A mulher já vestida de negro é um rebu, desajusta a cena e beija todos os homens, sobe em mesa e quebra copos, e dança. balbucia poemas.
Todos querem ser grunges, playmobil_todos em conjuntos, disputando colorização capilar, qual cabelo é mais vermelho?
Rock in Cadeia.
Os anarcos-alguma-desgraça-lá disputam com os seguranças do inferno atitude.
E nesse momento eu prefiro a mulher vestida de negro, tão desajustada e só.
Bêbada. Tomou chá de cogumelo e vomitou a flora intestinal.
E eu ainda não sei por que ela me lembra tanto o Message to love...

Um recado.

"Aqui é o Geová, agora não posso atender, deixe o seu recado após o bip."
Biiiiiiip.
"Oi pai, eu só liguei para dizer que não quero morrer nesse inverno não. Prefiro bem mais a primavera com as suas flores ricas."

Errrrr

Numa dessas caronas para Florença, um certo diálogo com o meu irmão:

-Bicho, estou chateado.

-O que houve?

-Você sabe a minha paixão por Ivete Sangalo né? Adoro aquela mulher! Quer dizer, adorava, adorava. Porque já foi, não gosto mais dela não!

-Ué. Por que?

-Um amigo meu disse que ela é viciada em cocaína. Olha só que absurdo!

-E isso lá é motivo para deixar de gostar de uma pessoa?

-Pra mim é!

-Ta. E se você tivesse um amigo viciado, você deixaria de ser amigo dele só porque ele cheira mal?

-É claro!

-E se você estivesse dando uma carona para um viciado em pó?

-Eu pararia o carro, e o deixaria na estrada.

-Então pode parar. Eu vou descer.

Caso de poesia.

A professora manda escrever uma carta para alguem da sala.
Joãozinho escreveu:

"Iris.

Eu sou a Iris dos teus olhos."

Caso de poesia.

Camisa de força, por necessidade.

I Wanna be.

Eu queria ser como a chuva que cai quando ela vai embora da minha casa.
Eu queria ser como a musica que ela ouve quando está triste.
Eu queria ser o sono do seu bocejo.
O bálsamo do seu cansaço.
Eu queria ser o que faz ela pensar que eu não gosto dela.
Eu queria ser impiedoso.
Impiedoso como o sono de criança.

As outras

-Olha seu juíz, eu quero a separação!
-Eu também quero seu juíz!
-Mas o que houve?
-Esse homem me acusa de traição, mas na verdade, quem me traiu mesmo foi ele. E com várias!
-Eu?! Não! É mentira dela seu juíz!
-Boca dura... E lhe digo mais! Lhe digo todos os nomes das fulaninhas, se o senhor quiser. Olhe seu juíz; Lorena da farmácia, Arminda do mercadinho, Ana Rita costureira, Mariana vagabunda... Bem, essa aí então, ele ficou com mais constância.
-Não! Aí não! Eu posso ter ficado com todas essas mulheres aí, eu assumo! Mas essa tal de Constância eu não peguei não!
-Imbecil.